We’ve updated our Terms of Use to reflect our new entity name and address. You can review the changes here.
We’ve updated our Terms of Use. You can review the changes here.

Mar do Meu Mundo

by Paula Santoro

supported by
/
1.
Guanabara 04:09
Lá quando pinta a manhã Pesada pálpebra erguia Um corpo cheio de ar Entorna tanta preguiça Cá onde a mão alcança Já não mais nada escondia Eu amo mesmo é o sol Lá quando pinta a baía Onde a onda acontece O barco, o corpo rebola Enquanto forma dispersa O boto, a lama, quem chora Se o rio escorre, deságua lá na guanabara, ria* Toda certeza evapora Sob a luz de outro dia *vale, formado pela erosão fluvial, na foz de um rio, invadido pelas águas do mar.
2.
Alegria 04:21
Já viu que em volta do buraco tudo é beira A sopa quando é muito quente é que te queima Um sapo que digere o mundo na saliva Tem na umidade a melhor alternativa A vida corre atrás de luz querendo sombra A gente lança o bumerangue da palavra Lá fora o mundo dos meus olhos, melodias Calor de lente no buraco é teoria Calor de lente no buraco é teoria No fim do túnel, luz no filamento No dianoite do embaixoemcima Poeira ainda cai do big bang... E aduba a petalagrimalegria E aduba a petalagrimalegria Alegria... Poeira do big bang Poeira do big bang O vento lento vai lavando a alvenaria O mar que volta e passa a limpo o tempo todo Esse ruído sal de frutas molha a areia Joga no ouvido o infinito até as veias Joga no ouvido o infinito até as veias No fim do túnel, luz no filamento Convenceria a ana karenina Poeira ainda cai do big bang E aduba a petalagrimalegria E aduba a petalagrimalegria Alegria... Poeira do big bang Alegria... Poeira do big bang Poeira do big bang
3.
Homem Ao Mar 03:51
Quem me dera amansar o mar Com uma bela canção praieira E depois me lançar ao mar Para amar a sereia Que em noite de lua cheia Não perdia por me esperar Mas me disseram que o mar Jamais se deixa amansar Por cantigas de areia O mar não empresta sereias O mar tem lá suas manias Tem mais marés cheias Que marés vazias O mar pede as horas, quer os dias De quem queira amar As filhas de iemanjá Alma de renda O mar talvez se ofenda Com as ondas Que a voz tenta imitar Pois reza a lenda que O mar só se contenta com oferendas Que ele possa carregar E canções se desfazem no ar... Pra se dar ao mar Há que se tornar mar...
4.
No mar de areia Eu vi a sereia a cantar Vinha a baiana na frente Dizendo: “valha-me deus” Quem viu a lua fui eu No mar clarear Deixando a lua sem claro Deixando claro sem lua Deixando a lua luar clarear Deixando a lua Samburá de peixe miúdo Maria, farinha de grão de sal Deixando deus sem baiana Deixa a baiana sem deus Deixando deus a baiana endeusar Deixa a baiana Samburá de peixe miúdo Maria, farinha de grão de sal
5.
Flor 03:19
Em meio a mil ponteiros dessincronizados Há quem veja a flor E entre canteiros gastos Dias escassos de cor E aquele arranha-céu Que arranha a mão de deus E sacrifica a flor Ah! Tenha dó De quem não enxerga nem mesmo o primor Sou como mil imagens de fotografias Prestes a desfocar E é de sangrar um rio Ver o presente amargar A flor e eu Um eu rendido à flor Entregue ao chão Sou como mil vagões de trens descarrilhados Pronta pra partir E quando as portas abrem Deságuo ao fundo de mim Sou como a flor que o mundo Põe num vasilhame ao canto de um jardim Quão falta em luz Me sobra em vida que se reproduz A flor em mim Num eu rendido à flor Me entrego ao chão O mar vindo de encontro E o homem indo em contra-mão Vento sufoca ao soprar E range de rancor Se a noite garoar É o céu regando a flor
6.
Mar Deserto 06:04
Toda vez que venho ao mar Me lembro de um deserto Só areia, areia, areia e ar Como elemento Toda vez que venho ao mar Me lembro de um deserto Água, areia, areia, água e ar Um contém o outro dentro Toda vez que fico só é como se Navegasse em mar aberto Cruzasse um deserto desde o centro Só assim me oriento Você pode morrer de sede tanto no mar Quanto num deserto Você pode cair na rede e se perder Achando que está no rumo certo Você pode morrer de sede no mar Ou num deserto Você pode cair na rede Ilhas são oásis no mar deserto Duna e onda, duna e onda, duna e onda...
7.
Arabesco 03:14
O revés do mar é meu deserto A minha casa, o meu norte incerto Sombras do passado flutuam no ar Dentro do meu peito aberto O nada e nada e nada e nada E areia Perdidos os sapatos e o destino Minha imagem falha em cintilar Desbravando o nada colhendo o vento Amores findos na miragem Um sol tão laranja E nada e nada e nada
8.
Luz da Terra (free) 05:31
Lua cheia santa maria da ínsua Que ilumina o atlântico norte Sol nascente no meio de um crepúsculo Amuleto matutino da sorte Luzes que mostram o caminho do círio de nazaré Que levam todos os fiéis a caminho da procissão E toda essa devoção desse povo pecador São sol e lua, pais da fé e da paixão. Lua nova que apaga o curso inicial Que levava o lualaba ao congo Sol poente visto da baía de luanda Deita lá na alma d’água do mar Sol de omolu que queima e cura Todas enfermidades O filho de nanã que iemanjá criou caçador Força de obaluaiê cura o homem sofredor O rei da terra que nos mostra o fim da dor
9.
Joana sonhou com os homens do mar a seus pés Joana casou com as noites, manhãs e marés Joana nasceu crescida nas rodas do cais tocada por velas e véus guardada e velada demais Mas Joana não quer nos sonhos Joana é mulher se vendo nos barcos nos braços dos homens do mar Joana sonhou com os homens do mar a seus pés Joana casou com as noites, manhãs e marés Todas as manhãs os homens por vício ou fé passavam e tiravam o chapéu pra santa caída do céu mas Joana não quer por dentro Joana é mulher se vendo nos barcos nos braços dos homens do mar
10.
Meu coração parece até que te adivinha Facão na bainha, aluvião Luz do sol que na casa de farinha Desenha aleluia ao rés do chão Minha certeza tem um quê de coisa viva Uma casa caiada e a outra não A cacimba roubada na saliva Uma reza que lesa a escuridão Pela porta da frente a natureza Riqueza de uma parede nua Ecoa por todo quarto e sala A fala de uma beleza crua Essa roupa que quara uma semana Essa cama de palha inda vazia Essa cria que mal nasceu, desmama E uma lua que sai no meio-dia A vida franzina ensina grandezas: A água salobra precisa do mar. Meu coração parece até que se desfia Friagem na laje, aparição O feijão no fogão de alvenaria Uma nuvem de areia em procissão É que a saudade quer o mel da maniçoba A sombra do santo, a redenção Um pedaço de nada às vezes sobra O começo de tudo, intuição Pela porta da frente... ...sai no meio-dia. A vida franzina ensina grandezas: A água salobra precisa do mar.

about

Paula Santoro – Mar do Meu Mundo
www.boranda.com.br/paulasantoro

If we think of a CD as a photograph, a faithful snapshot of a specific moment from an artist’s career, Mar do Meu Mundo is the picture of a singer who is releasing her fifth album confident about the musical aesthetics that she defends and in which she believes.

Paula Santoro has an almost chamber style and sings to put the music, not herself, in the center of attention. Without distracting the audience with free virtuosities, the voice joins the instrumental part of the band, comprised of Rafael Vernet (piano and arrangements), Kiko Freitas and Rafael Barata (drums), Guto Wirtti and Zeca Assumpção (double bass), Marco Lobo (percussion), Daniel Santiago (guitar and electric guitar) and invited musicians as the UAKTI group and Maurício Tizumba (congado drum).

One of the greatest singers of her generation, Paula Santoro was born in Belo Horizonte (MG) and has lived in Rio de Janeiro for many years. With several works on stage and recording and TV studios, she became more prominent from 2002 on, when she won the third place in the 5th Visa Music Awards (V Prêmio Visa de Música). Besides of the four released albums, her discography has dozens of collaborations in albums from artists like Guinga, Nivaldo Ornelas, Pacífico Mascarenhas and Eduardo Neves.

All songs in her new album have the sea as subject or have the word “sea” in the lyrics, a concept that was created spontaneously. During the work’s pre-production, Paula noticed that most of the songs selected for the repertory had this characteristic, so she decided to focus on this subject. “It’s not just the sea as a nature element. I also mean the inner sea, the personal one – with turbulences, calmness and mysteries”, she explains.

The first track is “Guanabara” (Fred Martins) which, besides of being in the repertory of some of her concerts, has the Guanabara Bay as theme, which Paula describes as “the most representative seascape from Brazil”.

The one that follows is “Alegria” (Léo Minax/Chico Amaral). Another characteristic of the album is the presence of many composers from Minas Gerais who mention the sea, such as Léo Minax and Chico Amaral – the others are Kristoff Silva, Makely Ka and Antonio Loureiro. “The sea is kind of a hidden desire for us who were born in Minas Gerais”, she confesses.

Mar do Meu Mundo has a more contemporary way of seeing the ocean and its water. There is almost no connection between the CD and the songs about beaches from Dorival Caymmi, to mention the greatest paradigm of MPB in this kind of landscape. However, a more Caymmi-ish intention can be seen in “Homem ao mar” (Zé Paulo Becker/Mauro Aguiar), with an introduction that mixes guitar and berimbau, and in “Samburá de peixe miúdo” (Sivuca/Glória Gadelha), with simplicity and great rhythmic force.

“Flor” (Frederico Demarca/Marcelo Fedrá), on the other hand, was composed by two authors of the very new generation of composers from Rio de Janeiro. Furthermore, the song has a clear influence from Guinga, an artist with whom Paula Santoro has shared the stage and recorded several times in the past years.

The sixth track is “Mar deserto” (Kristoff Silva/Makely Ka), which receives the refined support of Uakti group, with arrangements from Artur Andrés. The lyrics poetically explore the contrast between water and sand, which is also present in a certain way in the following song, “Arabesco” (Danilo Caymmi/Alice Caymmi).

The sequence of the songs in the album tries to imitate the motion of waves. There is almost no empty space between one track and another, as if there was one wave going and another one coming continuously, to lull the listener in a fluid and subtle way. “Each story is consequence of the other, as if the narrative ended in the last note”, explains Paula.

This ocean current then leads us to “Luz da terra” (Antonio Loureiro) and “Joana dos Barcos” (Ivan Lins/Vitor Martins), which indicates another characteristic of the work. The album especially invests in the work of composers of the new musical scene and when Paula resorts to renowned authors – Ivan Lins, Danilo Caymmi and Sivuca – she opts for discovery, bringing to light songs less known from these artists.

Finally, the album ends with “Água salobra” (Eduardo Neves/Mauro Aguiar), inspired in the meeting of the waters of the river and the sea. “This song reminded me of Guimarães Rosa and the story that someday the backlands were a sea”, says Paula, making a counterpoint with the first song of the album. “It’s like if I left Rio and went back to Minas.”

More than the photography of an artistic moment, Mar do Meu Mundo represents a singer diving in her musicality.

credits

released September 26, 2012

FICHA TÉCNICAProduzido por Rafael Vernet
Co-produzido por Paula Santoro
Direção Musical: Paula Santoro e Rafael Vernet
Produção Executiva: Rafaela Arlotta
Arranjos: Rafael Vernet, exceto em “Mar Deserto” (arranjo de Artur Andrés)
Gravado e Mixado por Duda Mello
Gravações Adicionais: Guilherme Medeiros
Gravado nos Estúdios Visom Digital, Estúdios Mega, Rockit!, Studio 94 e
Acústico Estúdio entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012
Técnicos Assistentes: Fábio Guimarães (Estúdio Visom Digital), Léo Ribeiro
(Estúdios Mega), Vinícius Faria (Rockit!), Guilherme Tettamanti (Studio 94)
e Pedro Veloso (Acústico Estúdio)
Mixado no Estúdio Rockit!
Masterizado por Ricardo Garcia no Estúdio Magic Master
Fotos: Dede Fedrizzi
Assistente de fotografia: Hanna Vadasz
Maquiagem: Laércio Teixeira
Projeto gráfico: Luciano Bueno (Madresilva)
Finalização: Rodrigo Faria (Faro Estúdio)

license

all rights reserved

tags