1. |
Guanabara
04:09
|
|
||
Lá quando pinta a manhã
Pesada pálpebra erguia
Um corpo cheio de ar
Entorna tanta preguiça
Cá onde a mão alcança
Já não mais nada escondia
Eu amo mesmo é o sol
Lá quando pinta a baía
Onde a onda acontece
O barco, o corpo rebola
Enquanto forma dispersa
O boto, a lama, quem chora
Se o rio escorre, deságua lá na guanabara, ria*
Toda certeza evapora
Sob a luz de outro dia
*vale, formado pela erosão fluvial, na foz de um rio, invadido pelas águas do mar.
|
||||
2. |
Alegria
04:21
|
|
||
Já viu que em volta do buraco tudo é beira
A sopa quando é muito quente é que te queima
Um sapo que digere o mundo na saliva
Tem na umidade a melhor alternativa
A vida corre atrás de luz querendo sombra
A gente lança o bumerangue da palavra
Lá fora o mundo dos meus olhos, melodias
Calor de lente no buraco é teoria
Calor de lente no buraco é teoria
No fim do túnel, luz no filamento
No dianoite do embaixoemcima
Poeira ainda cai do big bang...
E aduba a petalagrimalegria
E aduba a petalagrimalegria
Alegria...
Poeira do big bang
Poeira do big bang
O vento lento vai lavando a alvenaria
O mar que volta e passa a limpo o tempo todo
Esse ruído sal de frutas molha a areia
Joga no ouvido o infinito até as veias
Joga no ouvido o infinito até as veias
No fim do túnel, luz no filamento
Convenceria a ana karenina
Poeira ainda cai do big bang
E aduba a petalagrimalegria
E aduba a petalagrimalegria
Alegria...
Poeira do big bang
Alegria...
Poeira do big bang
Poeira do big bang
|
||||
3. |
Homem Ao Mar
03:51
|
|
||
Quem me dera amansar o mar
Com uma bela canção praieira
E depois me lançar ao mar
Para amar a sereia
Que em noite de lua cheia
Não perdia por me esperar
Mas me disseram que o mar
Jamais se deixa amansar
Por cantigas de areia
O mar não empresta sereias
O mar tem lá suas manias
Tem mais marés cheias
Que marés vazias
O mar pede as horas, quer os dias
De quem queira amar
As filhas de iemanjá
Alma de renda
O mar talvez se ofenda
Com as ondas
Que a voz tenta imitar
Pois reza a lenda que
O mar só se contenta com oferendas
Que ele possa carregar
E canções se desfazem no ar...
Pra se dar ao mar
Há que se tornar mar...
|
||||
4. |
Samburá De Peixe Miúdo
03:37
|
|
||
No mar de areia
Eu vi a sereia a cantar
Vinha a baiana na frente
Dizendo: “valha-me deus”
Quem viu a lua fui eu
No mar clarear
Deixando a lua sem claro
Deixando claro sem lua
Deixando a lua luar clarear
Deixando a lua
Samburá de peixe miúdo
Maria, farinha de grão de sal
Deixando deus sem baiana
Deixa a baiana sem deus
Deixando deus a baiana endeusar
Deixa a baiana
Samburá de peixe miúdo
Maria, farinha de grão de sal
|
||||
5. |
Flor
03:19
|
|
||
Em meio a mil ponteiros dessincronizados
Há quem veja a flor
E entre canteiros gastos
Dias escassos de cor
E aquele arranha-céu
Que arranha a mão de deus
E sacrifica a flor
Ah! Tenha dó
De quem não enxerga nem mesmo o primor
Sou como mil imagens de fotografias
Prestes a desfocar
E é de sangrar um rio
Ver o presente amargar
A flor e eu
Um eu rendido à flor
Entregue ao chão
Sou como mil vagões de trens descarrilhados
Pronta pra partir
E quando as portas abrem
Deságuo ao fundo de mim
Sou como a flor que o mundo
Põe num vasilhame ao canto de um jardim
Quão falta em luz
Me sobra em vida que se reproduz
A flor em mim
Num eu rendido à flor
Me entrego ao chão
O mar vindo de encontro
E o homem indo em contra-mão
Vento sufoca ao soprar
E range de rancor
Se a noite garoar
É o céu regando a flor
|
||||
6. |
Mar Deserto
06:04
|
|
||
Toda vez que venho ao mar
Me lembro de um deserto
Só areia, areia, areia e ar
Como elemento
Toda vez que venho ao mar
Me lembro de um deserto
Água, areia, areia, água e ar
Um contém o outro dentro
Toda vez que fico só é como se
Navegasse em mar aberto
Cruzasse um deserto desde o centro
Só assim me oriento
Você pode morrer de sede tanto no mar
Quanto num deserto
Você pode cair na rede e se perder
Achando que está no rumo certo
Você pode morrer de sede no mar
Ou num deserto
Você pode cair na rede
Ilhas são oásis no mar deserto
Duna e onda, duna e onda, duna e onda...
|
||||
7. |
Arabesco
03:14
|
|
||
O revés do mar é meu deserto
A minha casa, o meu norte incerto
Sombras do passado flutuam no ar
Dentro do meu peito aberto
O nada e nada e nada e nada
E areia
Perdidos os sapatos e o destino
Minha imagem falha em cintilar
Desbravando o nada colhendo o vento
Amores findos na miragem
Um sol tão laranja
E nada e nada e nada
|
||||
8. |
||||
Lua cheia santa maria da ínsua
Que ilumina o atlântico norte
Sol nascente no meio de um crepúsculo
Amuleto matutino da sorte
Luzes que mostram o caminho do círio de nazaré
Que levam todos os fiéis a caminho da procissão
E toda essa devoção desse povo pecador
São sol e lua, pais da fé e da paixão.
Lua nova que apaga o curso inicial
Que levava o lualaba ao congo
Sol poente visto da baía de luanda
Deita lá na alma d’água do mar
Sol de omolu que queima e cura
Todas enfermidades
O filho de nanã que iemanjá criou caçador
Força de obaluaiê cura o homem sofredor
O rei da terra que nos mostra o fim da dor
|
||||
9. |
Joana dos Barcos
02:58
|
|
||
Joana sonhou
com os homens do mar a seus pés
Joana casou
com as noites, manhãs e marés
Joana nasceu
crescida nas rodas do cais
tocada por velas e véus
guardada e velada demais
Mas Joana não quer
nos sonhos Joana é mulher
se vendo nos barcos
nos braços dos homens do mar
Joana sonhou
com os homens do mar a seus pés
Joana casou
com as noites, manhãs e marés
Todas as manhãs
os homens por vício ou fé
passavam e tiravam o chapéu
pra santa caída do céu
mas Joana não quer
por dentro Joana é mulher
se vendo nos barcos
nos braços dos homens do mar
|
||||
10. |
Água Salobra
03:05
|
|
||
Meu coração parece até que te adivinha
Facão na bainha, aluvião
Luz do sol que na casa de farinha
Desenha aleluia ao rés do chão
Minha certeza tem um quê de coisa viva
Uma casa caiada e a outra não
A cacimba roubada na saliva
Uma reza que lesa a escuridão
Pela porta da frente a natureza
Riqueza de uma parede nua
Ecoa por todo quarto e sala
A fala de uma beleza crua
Essa roupa que quara uma semana
Essa cama de palha inda vazia
Essa cria que mal nasceu, desmama
E uma lua que sai no meio-dia
A vida franzina ensina grandezas:
A água salobra precisa do mar.
Meu coração parece até que se desfia
Friagem na laje, aparição
O feijão no fogão de alvenaria
Uma nuvem de areia em procissão
É que a saudade quer o mel da maniçoba
A sombra do santo, a redenção
Um pedaço de nada às vezes sobra
O começo de tudo, intuição
Pela porta da frente...
...sai no meio-dia.
A vida franzina ensina grandezas:
A água salobra precisa do mar.
|
Streaming and Download help
Boranda recommends:
If you like Mar do Meu Mundo, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp