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Na Lojinha de Um Real Eu Me Sinto Milion​á​rio

by Paulo Padilha

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1.
Eu e minhas ideias geniais... que o mundo precisa conhecer Abrimos os olhinhos onze horas e ligamos a TV Andamos de chinelo e pijama sem cueca até o quintal Sentamos na cozinha, cafezinho, folheamos o jornal A pia estava cheia louça de macarrão Faca suja de manteiga, cascas de pão Eu e minhas ideias geniais que o mundo precisa conhecer Saímos para dar uma volta, um passeio, um rolê Sentamos numa praça com nossa ciência A natureza nos fazia reverência Eu e minhas ideias geniais que o mundo precisa conhecer Pensamos, refletimos, concluímos, temos mais o que fazer Andamos até o banco com malemolência Na porta giratória marcamos presença Eu e minhas ideias geniais não somos personnalité Eu e minhas ideias geniais que o mundo precisa conhecer Entramos no fim daquela fila imensa e pagamos o carnê. Mundo, vasto mundo, ouve as ideia desse vagabundo Mundo, vasto mundo, ouve as ideia desse vagabundo
2.
Na lojinha de um real eu me sinto milionário Vasculhando corredores, escolhendo escorredores de prato Cores sortidas, baixelas de plástico. Fala filhinho, fala o que você quer Pega o brinquedo, pega. Eu insisto. Filosofia de hoje: compro, logo existo É lá que eu me sinto milionário, é lá que eu levanto meu astral, é lá onde eu gasto meu salário, é lá, na lojinha de 1 real Copo tipo americano. Puxadores de plástico. Lançamento do ano Caixinha de elástico. Dominó, baralho, isqueiro. Pago em dinheiro Pago em cash. Gasto menos que um quilo de peixe. Aqui, querer é poder É lá que eu me sinto milionário, é lá que eu levanto meu astral É lá onde eu gasto meu salário, é lá, na lojinha de 1 real É lá que eu vejo tudo azul. É lá que eu me sinto na Daslu...
3.
Passei na banca de jornal, encontrei um manual, um guia Pensei em te presentear, talvez você pudesse usar um dia É que para me aguentar, tem mesmo é que se atualizar e a capa do livro assim dizia: Guia Fácil para Lidar com Pessoas Difíceis Achei que era adequado, pois eu sou um pé rapado e também tenho caprichos Detesto comida fria, nem passo perto da pia e não ponho fora o lixo Mas, princesa, qual não foi minha surpresa, ao pegar, pra folhear, um exemplar! Você que tanto me atura investiu na literatura e agora é autora de um livro tão popular! Vi meu nome na dedicatória! Nosso caso vai virar história! Você é mesmo classuda, transformou nosso romance num best-seller de auto-ajuda!
4.
Minha mulher tá cada vez mais parecida com a minha sogra Salga a comida, o joelho não dobra, dorme na frente da televisão Tá engordando, anda arrastando o chinelo de dedo, ai meu deus, eu tô com medo de encarar a situação Agora dei pra ter pesadelo. A velha nua em pelo vem mordendo uma maçã De boca cheia, ela dá uma gargalhada, meu filho tua vida tá encrencada, eu sou ela amanhã Como é que pode, ela tá de bigode. Tem um chumaço debaixo do braço E o cabelo é um desmantelo. Se é de família, ela já tá na trilha Não é verdade, ela tem vaidade. Não acredito, era tão bonito Não vem com praga pra cima de mim, você é apenas um sonho ruim Vou acordar, tomar meu café da manhã Vejo ela com a vassoura, lavando o quintal de sutiã
5.
Serrei as pernas da mesa E o braço do violão Cortei a cabeça do prego Rasguei a pele do tambor A unha de gato do muro Foi difícil de tirar Estava firme e seguro Arranquei bem devagar Fiz tudo com consciência Paciência e determinação Com a ciência de um bruxo Num ritual de mutilação Movido por um impulso Que gritava dentro de mim Cometer um ato Com começo, meio e fim Pra você que está me ouvindo Isto é uma confissão Não existe Céu ou Inferno No ato da criação Mas não sou um cara violento Nem trabalho com decoração Meu negócio é outro Vivo de fazer canção (mas às vezes falta imaginação)
6.
Escanteio 03:25
Eu bato o escanteio, corro pra cabecear Eu mesmo faço a jogada, sento na arquibancada e grito gol! Toco pandeiro, frevo, samba, rock, funk, soul Armo o circo, vendo ingresso, e vou assistir o show É que você saiu da nossa trupe para dar um up no seu capital Não adianta eu não largo o osso! Esse é o meu pedaço, meu ibope é traço, mas eu tô legal Vai te catá, vai te catá, que tem, vai, vai Vai te catá, vai te catá, que tu tem, vai, vai Eu bato o escanteio... É que você saltou da nossa banda, tirou o time, deu um W.O. Mandou o Lima, me deixou sem clima, mas não tem problema, hoje eu abro o tempo e me esquento só Vai te catá...2X Abandonou o barco, eu compro um navio Traiu a causa, me deixou de calça curta Eu não sinto frio Pouco importa se você pulou do bonde Eu tô no trilho vou pra não sei onde Só sei que não vou desviar
7.
Pra quem não gosta de partido alto Eu apresento o partido baixo Você tá rindo, mas o assunto é sério Não vá pensando que é esculacho Aqui não entra muito rebolado Nosso partido é coisa de macho Você requebra a parte de cima E deixa dura a parte de baixo Eu falei pra você tocar partido baixo O balanço tá bom só que eu não me encaixo O produtor disse que é genial O empresário disse eu também acho Bota um Dj fazendo uns scratch Tudo isso misturado com guitarra e baixo É coisa fina não toca no morro Pode levar que não é cambalacho Não vá pensando que é pra qualquer um É muito bom mas é que eu não me encaixo Eu falei pra você tocar partido baixo... No nosso partido só entra bacana Escreve aí que eu assino embaixo Não tem cachaça não tem pé de cana Também não tem galinha de despacho Aqui não entra com cabelo duro Tem que ser liso ou então de cacho Não vá pensando que é pra qualquer um É muito bom mas é que eu não me encaixo
8.
“Dá pra você dar um jeitinho na torneira?” ...ah é só apertar o parafuso, aí você pega a chave de fenda, a chave de fenda é pequena, o parafuso espana, preciso lavar essa louça, tá bom, vou comprar outra torneira, pra tirar a torneira tem que fechar o registro, né, onde é o registro, acho que é dentro do armário das panelas, ah é em cima da geladeira... cadê a escada, viche, tá sujo aqui, dá um pano, você vai ter que tirar todas as panelas, pegaí, põe na mesa da cozinha, segura a escada pra mim, tá, a torneira do registro tá dura, o encanamento é velho, segura com esse pano aí e tenta girar com força, num dá, tenta botar um wd e bater com um martelo, sei lá, num tem espaço, e num tem wd, vou tentar com a mão, segura a escada, foi!, caramba, que foi, me apoiei na prateleira que tava bamba e ela caiu, saco, segura a escada direito, agora num dá, tô indo pra feira... ...o cara da loja pergunta se é rosca de meia ou três quartos, num sei, deve ser três quartos, é padrão, mas em todo caso já vem com a luva, legal, aí você compra uma torneira maior que a pia, a água espirra pra fora, você volta na loja, cadê a nota fiscal, ficou no bolso da bermuda, sem nota não dá pra trocar, aí você volta de novo, o cara que faz a troca tá em horário de almoço, mas não tem outra pessoa que possa fazer isso, infelizmente é só ele, dá uma olhada ali no boteco... ...o cara tá escondido atrás de uma coca de dois litros, comendo uma escultura gigante de arroz e feijão com um bife a cavalo por cima, você não vai interromper, espera ele acabar, troca a torneira, precisa de veda rosca, não, tá cheio lá em casa, toda vez que eu compro aqui eles tentam me empurrar o veda rosca ou a fita isolante, vou fazer uma obra-de-arte-instalação-manifesto-objeto-artístico só de veda rosca e fita isolante que tem sobrando em casa... ...até que a ideia não é má, o contraste dos rolinhos brancos de veda rosca com os pretos da fita isolante, a apropriação de um objeto de uso cotidiano e utilitário pode ficar interessante, eu e minhas inúteis ideias geniais de novo, já estou dispersando, o que preciso fazer agora é atarraxar esse troço na pia com força e voltar a fazer o que eu estava fazendo antes de tudo isso começar, o que eu estava fazendo mesmo, ah uma versão absurda de Summertime pra português que só pode ser piada... ...onde tá aquele moooonte de rolinho de veda rosca que tava na caixa de ferramenta, sei lá, você ainda não acabou com isso, tenho que fazer o almoço e a cozinha tá uma bagunça, me ajuda a guardar as compras da feira, tá, mas toda vez eu tenho que comprar veda rosca de novo, vou botar sem veda rosca mesmo, pronto, põe as panelas de volta senão não dá nem pra por a mesa, calma, vou abrir o registro, emperrou de novo, segura a escada, foi, dá as panelas, putz, sem a prateleira que caiu não vai caber, dá um jeito, tá, testa aí, caramba tá pingando, saco, vou buscar o veda rosca e já volto, no sábado eles fecham meio-dia, é mesmo, num vou pegar o carro e ir até a Telha Norte agora por causa de um veda rosca, quem sabe tem veda rosca na lojinha de um real da Heitor Penteado... mais tarde eu vou, tô trabalhando numa versão revolucionária de Summertime samba-funk...
9.
SUMMERTIME só me trai AND THE LIVING IS EASY de deslize em deslize FISH ARE JUMPING viche não adianta AND THE COTTON IS HIGH é decote demais OH YOUR DADDY IS RICH bota o dedo em riste AND YOUR MAMMA IS GOOD LOOKING e me chama no muque SO HUSH, LITTLE BABY Solange ainda bebe DON’T YOU CRY dorme e cai ONE OF THIS MORNINGS ela deu mole YOU’LL GONNA RISE UP SINGING eu fui atrás e segui THAN YOU SPREAD YOUR WINGS dei com o Alfredo ali AND YOU’LL TAKE TO THE SKY e gritei sua biscate BUT TILL THAT MORNING bate o demônio THERE AIN’T NOTHING CAN HARM YOU desce um fogo no rabo WITH DADDY AND MAMMA libera uma chama STANDING BY pois é, não dá
10.
Antigamente ele jogava Teve um tempo que ele bebia Atualmente parou tudo Continua no prejú, viciou em telefonia Comprou um celular, coisa espetacular Smartphone com bluetooth, só falta falar Mas quando chega a conta Ele se desaponta Já me pediu dinheiro, não vou prometer Me pediu um conselho, então posso dizer Faz quiném pai de santo, é só receber Larga esse telefone e limpa seu nome E pra resolver : Pega um pré-pago pai-de- santo Pega um pré-pago pai-de-santo Pega um pré-pago pai-de-santo Que você não gasta tanto Espera ela te ligar Pega um pré-pago pai-de- santo Pega um pré-pago pai-de-santo Pega um pré-pago pai-de-santo Que aí não tem espanto Larga esse celular
11.
Tapa 03:09
Cá pra nós Você só tem capa Tá pra lá de babaca Cá pra nós É teoria sem prática Pra te querer Tem que tá carente paca Quem não te conhece que te compre Cá pra nós Você dá ressaca Saca só Não te dei motivo e você deu um nó Tive que cortar o laço sem dó Sem querer fiz o papel da realidade E venho te dar de presente Um tapa ... Tapa, tapa Eu te dei um tapa Vá guardar sua peneira Que o sol você não Tapa, Tapa...
12.
Dora Ariana trabalhou semana inteira Já tá voltando da feira e vai Natália visitar É que a comadre mora longe pra diabo Mas o presente do afilhado não pode mais esperar Chegou no ponto com a cabeça cheia de problema Veio o Vila Ema ela esticou a mão Tava com sorte o motô pisou no breque mas um cara de pileque quis subir na condução Ela ligeira se livrando do manguaça Na malícia e na raça deu um tranco e um empurrão Com a mão na bolsa foi pegando o trocado O busão tava lotado, veja só que situação O pé na jaca veio atrás e na catraca Bastiana percebeu que ele tava na intenção Pulou de lado, pisou no pé do safado Deu grito arretado e CANTOU ESSE REFRÃO: Si Mi Ré Lá, vai ter Si Mi Ré Lá, vou dar Tô cansada de cabra safado Chegando por trás E querendo encostar Si Mi Ré Lá, vai ter Si Mi Ré Lá, vou dar Liberdade, ainda que tarde Agora só encosta se eu autoriza Voltou pra casa e deu por falta do marido Achou ele escondido atrás da mesa do bar Tinha uma loura aguada com o olho comprido Ela pensou isso é perigo mas eu vou me controlar Toda molhada por que tinha caído uma chuva Dividiu o guarda-chuva com o marido beberrão Meu deus do céu por que esse dia não acaba E o cabra inda se gaba dando uma de machão Entrou ligeiro largou ele no chuveiro Foi cuidar dos seus tempero pra fazer um macarrão Mas o cachaça apareceu cheio de graça Foi ligando a TV e nem trocou o butijão Tava de costa lá na pia veio o pau d’água Diz que ia pegar água ela viu que ele tava cheio de má intenção Pulou de lado com a faca de cozinha Deu um grito arretado e CANTOU ESSE REFRÃO: Si Mi Ré Lá, vai ter Si Mi Ré Lá, vou dar Tô cansada de cabra safado Chegando por trás E querendo encostar Si Mi Ré Lá, vai ter Si Mi Ré Lá, vou dar Liberdade, ainda que tarde Agora só encosta se eu autorizar
13.
Áio no ôio 03:14
Áio no Ôio Paulo Padilha Foi no mês de maio Eu tava picando áio Pra fazer o môio (com shoyo) Mas no meio do trabáio Quase que eu desmaio Fui coçar o ôio A turma voltou da praia E foi jogar baráio Quem assustou com o barúio Foi meu primo Caio Que é que foi cê tá pulando Feito papagaio Foi o áio, foi o áio Nunca mais eu me distraio E eu gritava ai Foi o áio que entrou no ôio E do ôio não sai Doer uma dor não dói Mas arde paca...

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Paulo Padilha - “Na Lojinha de Um Real Eu Me Sinto Milionário”

Rindo se castigam os costumes. A máxima latina ajuda a definir o novo trabalho de Paulo Padilha, cantor, compositor, instrumentista e – por que não? – escritor. “Na Lojinha de Um Real Eu Me Sinto Milionário” é um livro-CD autobiográfico que narra o cotidiano de um músico brasileiro numa caótica metrópole latino-americana do século XXI. De maneira bem humorada, mas nem por isso menos profunda, Padilha faz uma reflexão a respeito da criação artística. Ele vai de temas, digamos, mais práticos – a sogra como musa inspiradora do compositor – até divagações filosóficas sobre a função da arte.

Na prosaica “Serrei as pernas da mesa”, Padilha usa uma cena de marcenaria doméstica para confessar que “Não existe Céu ou Inferno / no ato da criação”. De posse dos serrotes, martelos e alicates que seu ofício lhe dá, ele se revela um artesão da música: “Não sou um cara violento / nem trabalho com decoração / (...) vivo de fazer canção / (mas às vezes falta imaginação)”.

Padilha fez as contas: num iPod de 120 GB podem ser armazenadas mais de 34 mil músicas. Supondo que uma pessoa ouça um disco por dia, seria material suficiente para dez anos, sem repetições. “Por que fazer novas canções, com tanta música velha e boa pra gente ouvir?”, o compositor se perguntava durante a produção do novo álbum.

Foi na rua, circulando por São Paulo, que buscou a resposta. “Eu e minhas ideias geniais que o mundo precisa conhecer / saímos para dar uma volta, um passeio, um rolê”. O reggae de canto falado e discursivo apresenta-se no melhor estilo Itamar Assumpção, impressão reforçada com as participações especiais escolhidas para entoar o refrão. As cantoras Suzana Salles e Vange Milliet, integrantes da extinta banda Isca de Polícia, apelam em coro: “Mundo, vasto mundo, ouve as ideia [sic] desse vagabundo.”

O erro proposital de concordância, que aproxima a letra da linguagem do povo nas ruas, indica a outra referência musical: Adoniran Barbosa. A maliciosa “Si Mi Ré Lá” ou a divertida marchinha “Áio no ôio” parecem tiradas do repertório de Adoniran, com versos como “Foi no mês de maio / eu tava picando áio / pra fazer o môio”. “Mais do que propriamente um paulistano da gema, me considero um compositor urbano, como eram também Itamar e Adoniran”, comenta Padilha.

Produzido a partir de recursos do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (Proac), “Na Lojinha de Um Real Eu Me Sinto Milionário” tem como núcleo musical o trio formado por Padilha, Leonardo Mendes e Samba Sam. Entre as participações especiais, destaque ainda para as cantoras Mart’nália, Juçara Marçal e Nenê Cintra.

O livro-CD marca os 15 anos do carreira discográfica solo de Paulo Padilha. Formado em composição pela Faculdade de Música da Universidade de São Paulo (USP), ele foi um dos criadores do Aquilo Del Nisso, atuando como baixista, arranjador e produtor. Participou de quatro discos do grupo, entre eles, o premiado “Chico Buarque Instrumental” (1994).

Sua estreia em um trabalho individual aconteceu em 1997, quando lançou o CD “Cara legal” e redirecionou sua carreira para as canções. Depois seguiram-se os álbuns “Certeza” (2001) e “Samba descolado” (2006). Este último lhe rendeu uma maior aproximação com o universo do samba e possibilitou que Padilha viajasse em turnê pelo Projeto Pixinguinha, dividindo o palco com o portelense Monarco. Além disso, a música “Love” projetou o compositor nacionalmente, ao entrar na trilha da novela “Insensato coração” (TV Globo, 2011) na interpretação da cantora Simone.

“Hoje me sinto mais maduro, sabendo onde eu quero chegar. Aposto no suingue, no ritmo – da música e das palavras. Apesar da minha formação de músico, o texto foi tomando conta do meu trabalho e, cada vez mais, busco uma letra bem acabada, que surpreenda”, avalia o compositor. Foi essa preocupação, aliada ao prazer em contar histórias, que deu origem ao livro-CD.

As crônicas que estão publicadas entre uma e outra letra de música complementam as canções e conduzem o leitor-ouvinte por um passeio que termina de maneira inusitada, em forma de foto-novela – com imagens em preto-e-branco, sem palavras. Afinal, a função da arte é criar novas perguntas, não é dar respostas.

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released September 26, 2012

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